quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

mesmo com todo o mito...

É engraçado pensar nos mitos que os artistas carregam ao longo de sua jornada artística. O megalomaníaco, o romântico, o ativista, o pop-star, o mercadológico, o contra-cultura... E quando conhecemos algum artista, toda essa bagagem - criada pela mídia, pela crítica - os acompanha. E é assim que os recebemos e é assim que os aceitamos. Ponto final.

Gosto de conhecer um artista do zero. Gosto de eu conhecer o artista; de tirar minhas próprias conclusões sobre seus trabalhos. E, com o tempo, toda a história midiática se revela, claro. Mas, o que muitos não sabem, é que o que realmente importa é o que a obra de arte te transmite - não é o que o artista pensou ao fazê-la e o que ele quer passar com aquilo - mas o que você sente quando está diante dela. Naquele momento, só basta você e a obra. E o que surgirá, será devido ao repertório que você carrega, sobre os seus pensamentos, as suas críticas, a sua visão de mundo - e foda-se que a mídia afirma o contrário.

Recentemente, algo me fez pensar bastante sobre este ponto...

Damien Hist. Eu conhecia seus trabalhos, sua história de vida, o que a mídia sempre passou à seu respeito, o que os críticos escreveram... Mas uma coisa é o artista, a outra são suas obras. Recentemente tive a oportunidade de ver muitas de suas obras, na exposição Em Nome dos Artistas (comemorativa dos 60 anos da Fundação Bienal de São Paulo). E, naquele momento, tudo fez sentido; tudo fez sentido pra mim. Naquele momento, todo o mito de artista megalomaníaco se esvaiu. Ao ver suas obras ao vivo, algo mudou. Os questionamentos sobre a morte e as formas em que podem ser interpretadas; e principalmente seus trabalhos com o uso de animais - pra quem não sabe, sou vegetariana e fui ativista muitos anos -, ao meu ver, aqueles trabalhos questionam a natureza da utilização de animais em toda uma sociedade hipócrita. E quem poderá dizer que esta visão está errada?

Mãe e Filho Divididos, 1995

Estar diante de uma obra é algo único. Você pode ver fotos e ler sobre ela, mas você nunca a conhecerá verdadeiramente até vê-la pessoalmente.

Uma obra de arte é o que você vê dela e não o que os outros dizem.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

fru ir

tornar o público da arte cidadão

des
     cons
            truir

e m a n c i p a r

domingo, 30 de outubro de 2011

um perfeito olhar artístico

Imagine um olho livre das leis da perspectiva humana, um olho sem preconceitos de lógica de composição, um olho que não responde ao nome de tudo, mas que deve conhecer cada objeto encontrado na vida através de uma aventura de percepção.

[Stan Brakhage]

domingo, 11 de setembro de 2011

contra a interpretação


A interpretação é a vingança do intelecto sobre a arte. Mais do que isso. É a vingança do intelecto sobre o mundo. Interpretar é empobrecer, esvaziar o mundo. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e depois interpretamos isto, domamos a obra de arte. A interpretação torna a obra maleável, dócil.

[Susan Sontag]

quarta-feira, 6 de julho de 2011

trattato della pittura


Como chegamos à conclusão de que a poesia é de suma compreensão dos cegos, e a pintura faz o mesmo com os surdos, daremos mais valor à pintura que a poesia, pois a pintura serve a um sentido melhor e mais nobre que a poesia. E essa nobreza provou-se ser assim três vezes maior que a dos outros três sentidos, já que a perda dos sentidos da audição, do olfato ou do tato foi preferido à perda da visão, pois quem perde a visão, perde a vista e a beleza do universo e assemelha-se à alguém que foi enterrado vivo dentro de uma sepultura na qual poderia viver e se mover. Não vês tu que o olho abraça toda a beleza do mundo...

[Leonardo Da Vinci]

quarta-feira, 1 de junho de 2011

são tantas as verdades


Um dos artistas mais contundentes de sua geração, José Leonilson revela a contemporaneidade em todas as suas obras. Cearense de nascença, mas paulistano de vivência, Leonilson abre suas vísceras através da arte e revela sua vida como um diário íntimo na exposição Sob o Peso dos Meus Amores.


Sob o Peso dos Meus Amores, 1990

Pintor, desenhista, escultor. Desde cedo, não se adaptando ao traço e tipo de linguagem que propunham enquadrá-lo, abandonou o curso de educação artística na Faculdade Armando Álvares Penteado para dar início ao que viria a ser um ingente legado artístico-contemporâneo brasileiro. Com cerca de 300 obras, Sob o Peso dos Meus Amores propõe uma reflexão da arte como meio de expressão de angústias, amores e vivências. O que pode ser sutilmente observado pela forma do tema amoroso ser por vezes associado à espiritualidade.

Com obras nitidamente íntimas, revela-se tão intensamente o infinito particular do artista que acaba por tornar-se universal, a ponto dos espectadores mergulharem e se identificarem com os temas propostos. Paralelamente, a expografia atua em conjunto, influindo uma atmosfera que faz o visitante adentrar na intimidade do artista.


Os Pensamentos do Coração, 1988

Instalação, pintura, recorte, bordado, esferográfico. O advento da arte contemporânea possibilitou a utilização de diversas formas de expressão, podendo estas serem escolhidas livremente dependendo do projeto a ser realizado. Com obras que se aproximam do surrealismo, fovismo e dadaísmo, Leonilson produz uma fusão do afetivo e artístico, movido pela necessidade de registrar sua subjetividade, onde enfoca-se o questionamento do destino do sujeito.

Tomando consciência da necessidade de constituir com as palavras uma linguagem própria, Leonilson criou uma narrativa poética por meio de versos e frases soltas que integraram toda a sua obra. Juntamente com peças catalográficas, listas, números, inventários e uma intensa utilização de bordados e vois, o artista cria uma atmosfera multíplice que faz o visitante tomar conhecimento das várias faces do amor.

Com obras concentradas no curto período dos dez últimos anos de sua vida, Leonilson levou questões e tensões pessoais para o próprio trabalho. Inspirado pelas cidades que visitou, seus amores e, a partir de 1991, na descoberta de ser portador do HIV, a exposição releva-o como maior artista expoente de sua geração.


Leo Não Consegue Mudar o Mundo, 1989

Leonilson comove seus visitantes ao expor sentimentos compartilhados por todos. A identificação pessoal é o ponto mais tocante de suas obras. Todas as pessoas possuem um pouco de Leonilson, seja pelo fato de serem colecionadoras; de desfrutar o enviar de postais dos lugares nas quais visitou; de escrever cartas artístico-poéticas; de preparar, com as próprias mãos, presentes aos amigos. Eu sou uma dessas. Coleciono cartilhas de todas as exposições de arte por mim já vistas, possuo um mural com a obra preferida dos meus artistas favoritos e, defendo a tese de que o presente mais bonito é aquele feito artesanalmente. Tenho um pouco de Leonilson.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

mais do mesmo


É com grande felicidade que começo mais um blog em minha vida. Desta vez terá paixão. A minha eterna paixão por arte me motivou a criar um blog em que este conteúdo seja analisado, refletido, criticado, ou até mesmo simplesmente maravilhado.

See ya!


A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.
[Leonardo da Vinci]