Um dos artistas mais contundentes de sua geração, José Leonilson revela a contemporaneidade em todas as suas obras. Cearense de nascença, mas paulistano de vivência, Leonilson abre suas vísceras através da arte e revela sua vida como um diário íntimo na exposição Sob o Peso dos Meus Amores.
Pintor, desenhista, escultor. Desde cedo, não se adaptando ao traço e tipo de linguagem que propunham enquadrá-lo, abandonou o curso de educação artística na Faculdade Armando Álvares Penteado para dar início ao que viria a ser um ingente legado artístico-contemporâneo brasileiro. Com cerca de 300 obras, Sob o Peso dos Meus Amores propõe uma reflexão da arte como meio de expressão de angústias, amores e vivências. O que pode ser sutilmente observado pela forma do tema amoroso ser por vezes associado à espiritualidade.
Com obras nitidamente íntimas, revela-se tão intensamente o infinito particular do artista que acaba por tornar-se universal, a ponto dos espectadores mergulharem e se identificarem com os temas propostos. Paralelamente, a expografia atua em conjunto, influindo uma atmosfera que faz o visitante adentrar na intimidade do artista.
Instalação, pintura, recorte, bordado, esferográfico. O advento da arte contemporânea possibilitou a utilização de diversas formas de expressão, podendo estas serem escolhidas livremente dependendo do projeto a ser realizado. Com obras que se aproximam do surrealismo, fovismo e dadaísmo, Leonilson produz uma fusão do afetivo e artístico, movido pela necessidade de registrar sua subjetividade, onde enfoca-se o questionamento do destino do sujeito.
Tomando consciência da necessidade de constituir com as palavras uma linguagem própria, Leonilson criou uma narrativa poética por meio de versos e frases soltas que integraram toda a sua obra. Juntamente com peças catalográficas, listas, números, inventários e uma intensa utilização de bordados e vois, o artista cria uma atmosfera multíplice que faz o visitante tomar conhecimento das várias faces do amor.
Com obras concentradas no curto período dos dez últimos anos de sua vida, Leonilson levou questões e tensões pessoais para o próprio trabalho. Inspirado pelas cidades que visitou, seus amores e, a partir de 1991, na descoberta de ser portador do HIV, a exposição releva-o como maior artista expoente de sua geração.